Jovem cafeicultor indígena leva o 3º lugar no Concurso de Café de Rondônia
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Jovem cafeicultor indígena leva o 3º lugar no Concurso de Café de Rondônia

Tawã segue os passos do pai que em 2018, ficou em 2º lugar no concurso e se tornou símbolo da cafeicultura indígena sustentável na Amazônia.
 

Revista Imagem - 10/11/2020 07:40

O jovem cafeicultor Tawã Aruá, de 22 anos, conquistou o terceiro lugar no Concurso de Qualidade e Sustentabilidade do Café de Rondônia – Concafé 2020. Tawã segue os passos do pai, Valdir Aruá, que, em 2018, ficou em segundo lugar no mesmo concurso e se tornou símbolo da cafeicultura indígena sustentável na Amazônia, que conta com o apoio da Fundação Nacional do Índio (Funai). Eles são da aldeia São Luís, na Terra Indígena Rio Branco, no município de Alta Floresta D’Oeste, que fica cerca de 600 quilômetros da capital de Rondônia.


A família Aruá já trabalha com café há 18 anos. Antes da participação nos concursos, a cultura era apenas uma fonte de renda, mas, agora, há muito mais valor agregado. “Esta conquista é fruto de muita dedicação. O café é hoje para a gente a valorização e o reconhecimento do nosso trabalho e do nosso povo. Estamos provando que o indígena é capaz e que buscamos evoluir sempre”, comemora Tawã. Ele faz planos de utilizar o prêmio para mais investimentos na lavoura, na família e num sonho: “quero fazer faculdade de odontologia e o café pode me ajudar muito”, conta.


Assim como seu pai, Tawā representa os bons exemplos da cafeicultura de Rondônia, que evolui com a força dos jovens e a experiência dos pais. Em 2018, a conquista de Valdir Aruá deu início a um processo de transformação que tem mudado a forma de enxergar a cafeicultura indígena na própria aldeia, no estado e no Brasil. Uma conquista partilhada por toda a cadeia, já que os holofotes da qualidade e da sustentabilidade dos cafés do Brasil se voltaram para a produção de Robustas Amazônicos em Rondônia.


É um café aliado da floresta. A produção da família Aruá não leva produtos químicos, é um Robusta Amazônico sustentável. É realizada com atenção a cada detalhe na colheita e pós-colheita. “Tenho muito orgulho pelo café especial que produzimos e por levar o povo indígena neste produto, que respeita a natureza. A floresta é muito importante, não só para nós indígenas como para o mundo todo. Não queremos e não precisamos desmatar. A área que temos aqui já é suficiente para uma boa produção e com qualidade”, afirma o cafeicultor Valdir Aruá. Confira o vídeo:



Qualidade que transforma sonho em realidade


O segundo lugar no Concafé, em 2018, e o terceiro lugar, em 2020, selam um trabalho que teve início com um sonho, aliado a muita dedicação e a união de esforços. Enquanto trabalhava como motorista na aldeia, Valdir Aruá sonhava em ser reconhecido como um cafeicultor e que o fruto de seu trabalho, o Café Aruá, chegasse às mesas dos brasileiros. Era nas horas vagas, na lavoura próxima à sua casa, que ele e a família se dedicavam a concretização desse objetivo.


Foi aí que, no início de 2018, o senhor Valdir viu a oportunidade de dar continuidade passos mais largos rumo ao seu desejo. Por meio de um projeto de parceria entre a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em Rondônia e a Secretaria de Agricultura de Alta Floresta D’Oeste – Semagri, com apoio da Funai, ele recebeu instruções técnicas e ajuda para construir o primeiro terreiro suspenso com cobertura de plástico transparente da aldeia. Mal sabia ele que, naquele momento, seu sonho ganhava forma e outros tantos passaram a sonhar junto.


A família colocou em prática todos os ensinamentos recebidos, passou a identificar as plantas com maior potencial e iniciou uma colheita cuidadosa e secagem lenta sob o sol amazônico e a brisa da floresta. Como resultado desse trabalho quase artesanal da família Aruá, ainda no primeiro ano de projeto, os microlotes de quase dez sacas participaram do Concafé e ganharam o prêmio de segundo lugar, assim como ficou entre os 20 melhores do Brasil, no Coffee of the Year - Conilon e Robusta, também em 2018.


O gesto de amor da família Aruá gerou uma verdadeira corrente do bem do café. Esse trabalho representativo para a cafeicultura Amazônica chamou a atenção da maior empresa de cafés do Brasil, o Grupo 3Corações, que abraçou a ação iniciada pela Embrapa Rondônia com os indígenas produtores de café e lançou o Tribos. Inspirado no trabalho dessa família de cafeicultores indígenas, o projeto se tornou o que talvez venha a ser um dos mais belos capítulos da cafeicultura brasileira.


Trata-se de uma ação conjunta de parceria público-privada que tem como pilares o protagonismo indígena, a proteção das florestas e a produção de cafés especiais. Um projeto que começou em 2018, timidamente, com apenas três famílias, hoje atende 132. São indígenas de oito etnias, que residem em duas reservas e que estão recebendo apoio para produzir Robustas Amazônicos com qualidade, de forma sustentável ao tempo em que ganham uma fonte de renda com muito valor agregado.


O projeto Tribos é mais que uma relação comercial, é um projeto de desenvolvimento do conhecimento agronômico, ação social e valorização de todo o café produzido nas aldeias. Assim como também premia os indígenas que produzem os cafés mais raros e especiais em um concurso próprio. Em breve, estes Robustas Amazônicos especiais, sustentáveis e premiados devem chegar às mesas de todos os brasileiros. Mais que um simples café, o que se tem na xícara é origem, história, sonhos e inclusão social. Este projeto do grupo 3Corações conta com a parceria da Funai, Embrapa, Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-RO), Secretaria Municipal de Agricultura de Alta Floresta D’Oeste e Câmara Setorial do Café do Estado de Rondônia.

 

Da Redação com informações da Funai e Embrapa

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