Cerrado perdeu quase 30 milhões de ha em vegetação nativa em 35 anos
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Cerrado perdeu quase 30 milhões de ha em vegetação nativa em 35 anos

Vilhena está localizada em uma área de transição do cerrado para o bioma amazônico.
 

Revista Imagem - 23/09/2020 10:01


O Cerrado perdeu 28 milhões de hectares de vegetação nativa, uma área equivalente ao estado do Rio Grande do Sul, entre 1985 e 2019. Foi um terço de toda a vegetação nativa que o Brasil perdeu no período. Essa área representa, em 35 anos, uma redução líquida de 21%, que é a diferença entre perda da vegetação original e ganho da vegetação recuperada.


Com isso, hoje o segundo maior bioma do país tem 53,2% de cobertura de vegetação nativa, ou 19% do que é registrado nesta categoria em todo o Brasil.

Os dados são da Coleção 5 do MapBiomas (mapbiomas.org), iniciativa multi-institucional que envolve universidades, ONGs e empresas de tecnologia, focada em monitorar as transformações na cobertura e no uso da terra no Brasil, e foram recém-divulgados em um evento para pesquisadores e público em geral no Dia do Cerrado (11 de setembro).


O MapBiomas também mostra que atualmente 44% da área do Cerrado é ocupada por atividades agropecuárias, com um incremento de 25 milhões de hectares em 35 anos: 72% desse aumento foi para a agricultura, especialmente de grãos. “É possível perceber visualmente a mudança, em áreas no sul do Cerrado e no Matopiba (região que engloba o Cerrado nos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia)”, disse a diretora de Ciência do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), Ane Alencar. No MapBiomas, o instituto é responsável pelo mapeamento da vegetação nativa do bioma.


Nesta conversão de vegetação nativa para outros usos, as formações florestais sofreram mais, por estarem em áreas com solos mais férteis, enquanto as formações savânicas têm visto o desmatamento aumentar, por causa da topografia.


“Precisamos mudar nossa realidade para que o restante do Cerrado não tenha o mesmo destino do que foi destruído”, disse o professor da Universidade de Brasília Ricardo Machado, especialista em Cerrado, que participou do evento. “Não podemos deixar que o processo simplesmente continue para mostrar para os nossos netos quando determinado pixel foi desmatado, mas devemos provocar mais estudos e políticas públicas.”


Nesse sentido, Machado afirma que o conhecimento hoje produzido sobre a conversão de outros tipos de vegetação nativa além das florestais é suficiente para que se amplie também a proteção do Cerrado. Na mesma direção, o coordenador de monitoramento da TNC Brasil, Mario Barroso, destaca a importância do MapBiomas na busca por soluções.


“Antigamente, porque os dados oficiais olhavam somente para as formações florestais, parecia que o desmatamento só acontecia neste tipo de vegetação. O MapBiomas mudou essa percepção. O que importa é o que está acontecendo no campo de forma explícita”, afirma Barroso. “Para problemas complexos, as soluções também são complexas. Há de se discutir o papel das empresas, mas também a questão da grilagem e da titulação de terra, por exemplo.”


Todos os dados do MapBiomas podem ser vistos e baixados gratuitamente na plataforma mapbiomas.org.

 

Fonte Ipam

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