Publicado em 13/05/2020 às 08h26
O número de mortes em decorrência do novo coronavírus bateu mais um recorde ontem no Brasil, com 881 óbitos. Ainda segundo o Ministério da Saúde, 9.258 novos casos foram registrados — já são 177.589. Com isso, o Brasil chegou a 12.400 mortes e tornou-se o sétimo país com mais casos confirmados de Covid-19 no mundo, ultrapassando a Alemanha (173.034). No ritmo atual, o Brasil deve deixar para trás a França e a Itália nos próximos dias. De acordo com o balanço divulgado pelo ministério, o crescimento no número de casos do Covid-19 foi de 5,4%. Em relação ao número de mortes, o aumento foi de 7,6%.
O ministério indica ainda que 40,9% do total de infectados até o momento — o que corresponde a 72.597 pessoas — estão recuperados da doença , enquanto 92.593 (52,1%) estão em acompanhamento. Os 7% restantes são os óbitos. Há 2.050 mortes em investigação.
Isolamento longe do ideal Presidente do comitê científico da Sociedade Brasileira de Imunologia , João Viola acredita que o Brasil chegará à segunda posição entre os países com mais casos confirmados e óbitos, atrás apenas dos EUA .
"A subnotificação esconde nosso atual panorama: diversas estatísticas mostram que o número de casos é dez a 15 vezes maior do que as ocorrências confirmadas até agora. Portanto, mais de um milhão de brasileiros já contraíram o vírus. Oitenta por cento não demonstram sintomas, mas podem infectar outras pessoas", alerta o médico.
Segundo Viola, apenas 40 a 50% da população do país têm respeitado o isolamento social. O ideal seria que esse índice fosse de, no mínimo, 70%:" Se a população respeitar as medidas, chegaremos ao pico de casos em até dez dias. E, 30 ou 40 dias depois, poderemos começar a discutir medidas de flexibilização para circulação de pessoas". A virologista Giliane de Souza Trindade, da Universidade Federal de Minas Gerais, alerta que a epidemia segue em plena velocidade no Rio e em São Paulo, cidades com maior intercâmbio populacional. Ela afirma que a população de outros estados têm ensaiado um movimento precipitado para deixar o isolamento social.
"O setor econômico pressiona, e os gestores estão cedendo à reabertura do comércio em locais que não estão preparados para o fim do distanciamento. Então, a epidemia ainda está caminhando para o pior. Se continuarmos assim, vamos ultrapassar, em número de casos, os países que tomaram providências tardias contra o coronavírus, como Itália e França. Falta uma liderança no governo federal que se manifeste sobre a Covid-19. Hoje, não há divulgação sobre as diretrizes que devemos adotar", avisa.
Início antes do divulgado Em meio ao avanço da doença, o Ministério da Saúde identificou 39 casos suspeitos que teriam surgido no Brasil antes do dia 26 de fevereiro, quando foi confirmada a primeira ocorrência: um homem de 61 anos, diagnosticado em São Paulo. A informação foi dada ontem pelo secretário substituto de Vigilância em Saúde, Eduardo Macário. Segundo ele, o ministério enviou ofícios aos estados para investigar esses casos. Esta é a segunda vez que o governo federal admite que a Covid-19 pode ter chegado ao Brasil antes do divulgado. De acordo com Macário, dos 39 casos, 25 teriam ocorrido em São Paulo e o restante em outros oito estados: "são casos de síndrome respiratória aguda grave com confirmação laboratorial por Covid".
A dúvida que precisa ser esclarecida é se a data em que teriam ocorrido pode ter sido inserida de maneira incorreta no sistema. Macário afirmou que não é possível precisar a data correta do caso mais antigo entre esses 39 registros:", encaminhei esses ofícios para que as secretarias façam uma investigação mais detalhada, justamente para identificar se eles realmente tiveram uma transmissão ou sintomas antes do dia 26 de fevereiro".
Segundo o secretário do Ministério da Saúde, a possibilidade de que tenha havido erro de digitação não é descartada, uma vez que os órgãos públicos trabalham com um fluxo muito grande de informações.
Na segunda-feira, um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) indicou a existência de casos da doença em janeiro, antes da confirmação oficial da primeira ocorrência da Covid-19 no país.
Fonte: Último Segundo
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