RIO BRANCO - O pecuaristas Roberto Demário Caldas, considerado o “rei do gado” de Rondônia, quer expandir seu reinado para o Acre. Segundo informações, ele se prepara para abrir frigoríficos no estado e aumentar seus negócios pela região, negócios esses que já lhe renderam dezenas de ações judiciais.
Com uma rápida pesquisa no Jusbrasil é possível identificar mais de 100 processos envolvendo o nome dele, a maioria na comarca de Rondônia e algumas em São Paulo.
Entre as ações movidas contra um dos pecuaristas mais ricos de Rondônia estão a de supostos crimes de ordem tributária, trabalho escravo, desmatamento ilegal de área protegida e negligência.
Roberto é sócio do Frigorífico Porto Ltda, que há um ano aparecia no topo da lista de empresas do ramo que tinham dívidas milionárias com a União. O valor devido era de R$ 2,6 bilhões. A companhia foi alvo de inquérito do Ministério Público Federal (MPF) para apurar supostos tributários cometidos pelos administradores.
O processo chegou a ser arquivado, mas foi reaberto em 2014 quando Caldas e o filho Mário tiveram a sociedade com o Frigorífico Porto identificada. Até então, eles não apareciam na lista de proprietários.
Caldas também era dono de outros dois abatedouros em Rondônia, os frigoríficos Novo Estado e Santa Elvira. Os dois empreendimentos acumulavam, juntos, dívidas de R$ 8,4 milhões.
Roberto e Mário já eram investigados por fraude após fechamento de empresa dois meses após financiamento milionário do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Três anos atrás, a Justiça penhorou quase três mil cabeças de gado do Caldas pai.
Também pesava sobre Roberto Caldas acusações de envolvimento com mão de obra escrava em suas propriedades. Entre 2004 e 2010, várias operações do Ministério do Trabalho e Emprego resgataram mais de 300 trabalhadores.
Só na Fazenda Mequéns, em Pimenteiras do Oeste (RO), 219 pessoas foram libertadas de regimes de trabalho análogos à escravidão.
Essa mesma propriedade foi autuada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) após acusação de desmatamento de quase 6 mil hectares na zona de amortecimento do Parque Estadual de Corumbiara.